Saúde

SUS também para moradores de rua

Nova lei proíbe recusa de atendimento para quem não tiver identificação e comprovante de residência

Desde segunda-feira uma lei nacional assegura o atendimento a moradores em situação de vulnerabilidade ou risco social no Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo sem comprovação de residência ou documentação. A recusa de atendimento fica expressamente proibida pela medida. No entanto, em Pelotas, atitudes semelhantes já eram tomadas antes mesmo da legislação, segundo os órgãos de saúde.

O projeto Consultório na Rua, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), possui cerca de 400 moradores em situação de rua cadastrados, segundo a coordenadora da rede Álcool e Drogas (AD), Gabriela Haack. Os atendimentos ocorrem conforme a necessidade do paciente, mas já mantém registros deles. Para ela, a principal novidade vai ser conseguir gerar cadastros destes atendimentos, uma vez que havia dificuldades para fazê-los, justamente pela falta de informações sobre a pessoa e a impossibilidade de registrá-la.

Gabriela revela que na maioria das vezes a procura parte dos próprios moradores para lidar com questões como vícios e também a falta de documentação. A partir dos encontros do Consultório na Rua, suas demandas são percebidas e eles são encaminhados a atendimentos, inclusive nas Unidades Básicas de Saúde e no Pronto-Socorro de Pelotas (PSP). A equipe costuma traçar o perfil desta população e tentar identificar outros moradores na mesma situação, precisando de ajuda. "E eles são bastante receptivos. É uma população que se sente invisível", pontua, garantindo que através da conversa a relação com eles torna-se fácil de ser cultivada.

A equipe conta atualmente com 12 pessoas e deverá ser em breve ampliada para 20. A comunidade pode entrar em contato pelo telefone 3284-7711, para fazer indicações de onde agir. Para Gabriela, a principal dificuldade é lidar com moradores com medo de procurar ajuda, seja por preocupação com alguma imposição de regras ou por sentirem-se à margem do atendimento.

Para o jovem Gabriel Silva, de 26 anos e há um em situação de rua, já houve esta vergonha em procurar atendimento. Ele revela já ter precisado de cuidados médicos durante uma gripe, mas havia o receio de buscar a rede pública por não possuir documentos e por ser, naquele momento, usuário de drogas. No entanto, foi ao PSP, foi medicado e tomou injeção para as dores de dente que sentia cronicamente. Hoje possui os documentos e acredita não haver motivo para não procurar ajuda. "É bom pra quem precisa de atendimento. Mas é melhor ir com o documento", brinca.

O PSP conta com assistentes sociais para ajudar pessoas nessa situação, garante a diretora administrativa e financeira do hospital, Suelen Arduin. "A gente nunca nega atendimento a moradores em situação de rua", afirma. Ela diz que além de fazer o primeiro atendimento, ocorre a tentativa de identificar a pessoa e localizar algum familiar para auxiliá-la.

 

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